Prémio 2012: Cultura
A IV edição do Prémio admitiu a concurso candidaturas que envolvessem ações ou projetos que tivessem contribuído para a afirmação e valorização internacional da Cultura Portuguesa em domínios tão diversificados como:
a) Iniciativas que tivessem reforçado os atributos identitários nacionais, valorizando o património material ou imaterial;
b) Manifestações de criatividade cujos resultados tivessem tido reflexos tangíveis no desempenho socioeconómico português ou na notoriedade internacional contemporânea de Portugal.
O Júri atribuiu o Prémio Nuno Viegas Nascimento 2012 ex-aequo, aos projetos:
– Heritage of Portuguese Influence/ Património de Influencia Portuguesa (com o acrónimo HPIP) sequente da publicação Património de Origem Portuguesa no Mundo: Arquitetura e Urbanismo, dirigidos e apresentados a concurso pelo Professor Doutor José Mattoso.
– “João Salaviza: Cinema de Portugal”, Cinema do Mundo, apresentado por João Salaviza.
neles reconhecendo “duas candidaturas que, cruzando expressões e manifestações culturais de dimensão diferente, se completam na universalidade, na afirmação e valorização da cultura portuguesa. Uma, potenciando a preservação e valorização futuras de um legado histórico e patrimonial (arquitetónico) de influência portuguesa, no mundo; a outra, potenciando através da linguagem cinematográfica, da criatividade e produção artística, o compromisso com a divulgação do pensamento, de realidades e identidades socioculturais de um Portugal contemporâneo”.
Na cerimónia de entrega do Prémio, a Presidente do Conselho de Administração da Fundação, Patrícia Viegas Nascimento, rendeu pública homenagem ao humanismo e visão filantrópica do patrono da instituição, Prof. Bissaya Barreto, e à lealdade e espírito de missão com que, respeitando a sua vontade, os seus sucessores, e em particular o presidente Nuno Viegas Nascimento (patrono do prémio) souberam conduzir a Fundação adaptando-a às exigências do tempo sem desvirtuar a sua identidade e a sua genética.
Na sua intervenção, Patrícia Viegas Nascimento classificou de colossal o projeto submetido pelo Prof. José Mattoso, ao inventariar sítios e monumentos de influência portuguesa que, pelo mundo, dão testemunho da criatividade e diversidade arquitetónica resultantes do encontro da cultura portuguesa com as culturas de povos de outros continentes. Um trabalho de enorme rigor científico, apoiado e publicado pela Fundação Calouste Gulbenkian. O projeto premiado, sequente da obra impressa, divulga não só todo o legado patrimonial já inventariado, como permite cruzar e introduzir doravante novas informações, também por contributo que qualquer utilizador possa vir a oferecer, a partir de qualquer ponto do mundo. A Presidente da Fundação cumprimentou e elogiou igualmente o talento e a notoriedade internacional da obra cinematográfica de João Salaviza, a qual – disse – num percurso ainda tão curto, colhe já tão prestigiado reconhecimento europeu. Patrícia Viegas Nascimento fez votos de que a sua carreira continuasse comprometida com o nosso Pais, com a observação e interpelação do seu quotidiano, das suas vivências concretas, e fosse tão aplaudida nas nossas salas de cinema como o tem sido nos mais importantes festivais de cinema europeus.
Em agradecimento, o Prof. José Mattoso destacou a importância do património cultural que considerou indispensável à sobrevivência espiritual da humanidade. O historiador fez no entanto referência à obra por si dirigida, como uma obra de autoria coletiva que contou com os mais reputados coordenadores científicos e especialistas das Universidades de Coimbra, Nova de Lisboa, Técnica de Lisboa e de Évora. Referindo o protocolo estabelecido entre a Fundação Gulbenkian e este consórcio de universidades portuguesas, pelo qual a transmigração de dados e a gestão do portal HPIP passava para sua responsabilidade, José Mattoso entregou o prémio pecuniário à gestão do projeto, ora acolhida pela Universidade de Coimbra e por isso recebido pelo Prof. Arq.to Walter Rossa.
O jovem cineasta João Salaviza, manifestando-se honrado por partilhar o galardão com o Prof. José Mattoso, defendeu a importância do Cinema como um veículo de aproximação de pessoas e de realidades à história que – disse – é profusa em imagens que lhe interessam e importam particularmente capturar, como registos de vivências concretas.
A cerimónia contou com a presença do Presidente do Grande Conselho da Fundação Bissaya Barreto, Dr. António Almeida Santos, e do orador convidado, Dr. Emílio Rui Vilar que fez uma intervenção sobre “Os desafios das Fundações nas sociedades contemporâneas”.