Casa do Pai
A Casa do Pai é um Centro de Acolhimento Residencial para crianças e jovens em situação de perigo (carência sócia afetiva grave, abandono, negligência e/ou outras tipologias de maus tratos), encaminhadas pelas Comissões de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo e pelos Tribunais, através de medida de acolhimento residencial com acordo de promoção e proteção.
A Casa do Pai tem capacidade para 12 crianças, de ambos os sexos, cuja idade, à data de admissão se situe entre os 6 e os 12 anos.
MISSÃO
Quebrar o ciclo da adversidade da criança implica a necessidade de intervir no seu processo de vida, partindo duma avaliação, que incluiu a família e a rede de suporte formal, e de um plano de intervenção individualizado. Torna-se crucial desenhar um projeto de vida, sustentado em estratégias de intervenção nos diferentes subsistemas, sendo que a concretização da desejada mudança de trajetória dependerá da qualidade do trabalho desenvolvido com a família e com as instituições envolvidas.
Em acolhimento residencial, proteger, reparar, cuidar e educar crianças com passados marcados por vazios afetivos, maus tratos, negligência e abuso, são tarefas de responsabilidade e compromisso profissional exigentes, uma vez que a criança necessita de um investimento acrescido e de poder estabelecer uma vinculação segura com adultos cuidadores.
CUIDAR/EDUCAR
“(…) não podemos educar senão com o nosso próprio corpo, com a pessoa autêntica que somos, com a nossa cultura e ideologia. Não se pode educar apenas através de normas, regulamentos emitidos pelos psicólogos, assistentes sociais, médicos e professores. A educação é a transmissão do modelo que existe em cada um de nós, ou não é educação.” – João dos Santos
Para a Casa do Pai é fundamental o investimento contínuo e continuado na formação e supervisão sistémica do grupo de adultos cuidadores, sendo, muito para além da compreensão clínica de cada criança e do seu comportamento e enquadramento da sua história de vida, crucial a análise da qualidade da relação de vinculação construída com os adultos cuidadores e do enquadramento institucional que dá suporte à função do cuidar.
Investimos na reconstrução psicoterapêutica da condição de vitimação a que a criança esteve precocemente sujeita, iniciando um caminho de reparação da devastação provocada do trauma e dos seus impactos no desenvolvimento da criança.
OBJETIVOS NORTEADORES
Trabalhamos para poder ir de encontro às necessidades da criança:
- Necessidade de vinculação e de filiação;
- Necessidade de um espaço seguro e contentor, que envolva e alimente o seu crescimento;
- Necessidade de a criança representar um investimento, inscrevendo-se no contexto de um projeto educativo que corresponde às representações que os cuidadores/educadores, pais, fazem do seu futuro;
- Necessidade de estimulação: alimentar, na criança, o desejo de crescer;
- Necessidade de experimentar, de errar e de reparar o erro, de procurar, de se expressar;
- Necessidade de ser reconhecida enquanto pessoa, com mérito, com competências, com dignidade.
Procuramos, ativamente, uma “mudança de paradigma que considere as crianças parceiros competentes, cultivando a responsabilidade pessoal mais do que a submissão” (Conselho da Europa, 2008), promovendo a participação da criança/jovem na vida da residência de acolhimento, bem como, trabalhando a sua autonomização, particularmente a sua autonomia moral.
Apostamos em proporcionar, em tempo útil da criança, condições que possibilitem a (re) construção do eu, quer pela (re) formulação do passado, quer pela construção de projetos de futuro, investindo no seu sucesso escolar e pessoal.