O Serviço SOS Pessoa Idosa da Fundação Bissaya Barreto associa-se à celebração do Dia Internacional do Idoso, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), para sensibilizar a sociedade para as questões do envelhecimento e para a necessidade de todos nos implicarmos, protegendo e cuidando das pessoas idosas em situação de especial vulnerabilidade.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) receia que o aumento da população idosa, “associado a uma certa quebra de laços entre as gerações e ao enfraquecimento dos sistemas de proteção social venha a agravar as situações de violência contra as pessoas idosas”. No caso de Portugal, o envelhecimento é “galopante”: o Instituto Nacional de Estatística (INE, 2003) prevê que em 2050, Portugal seja o país com maior percentagem de idosos da União Europeia. Será o 3º país do mundo com a população mais idosa, e não há como fugir deste “barco” com políticas avulsas mais ou menos bondosas, tentando amortecer os efeitos negativos de sermos tantos e tão velhos.
O ENVELHECIMENTO não é um estado, é um processo heterogéneo e diferenciado, na medida em que cada um vive em contextos físicos, sociais, económicos, culturais e humanos diferentes e é portador de vivências, histórias, narrativas, linguagens e projetos de vida muitíssimo diferenciados. Tornamo-nos cada dia mais diferentes uns dos outros, cada ano mais únicos e não existe esse pretenso “saco etário” onde todos somos iguais. Não nos transfiguramos num outro quando envelhecemos.
A longevidade é um conseguimento (CIE|FBB|2016). Conseguimos, enquanto coletivo civilizacional, conquistar muitos anos à morte. Vivemos mais 30 anos do que os nossos avós e os nossos filhos e netos mais ainda irão viver. Esta é uma história de sucesso das condições de vida, saúde e educação de que nos devemos orgulhar.
Neste Dia Internacional do Idoso, importa convidar à reflexão e celebrar o envelhecimento como uma conquista.
ENVELHECER
(Albert Camus)
Envelhecer é o único meio de viver muito tempo.
A idade madura é aquela na qual ainda se é jovem, porém com muito mais esforço.
O que mais me atormenta em relação às tolices de minha juventude, não é tê-las cometido…é sim não poder voltar a cometê-las.
Envelhecer é passar da paixão para a compaixão.
Muitas pessoas não chegam aos oitenta porque perdem muito tempo a tentar ficar nos quarenta.
Aos vinte anos reina o desejo, aos trinta reina a razão, aos quarenta o juízo.
O que não é belo aos vinte, forte aos trinta, rico aos quarenta, nem sábio aos cinquenta, nunca será nem belo, nem forte, nem rico, nem sábio…
Quando se passa dos sessenta, são poucas as coisas que nos parecem absurdas.
Os jovens pensam que os velhos são bobos; os velhos sabem que os jovens o são.
A maturidade do homem é voltar a encontrar a serenidade como aquela que se usufruía quando se era menino.
Nada passa mais depressa que os anos.
Quando era jovem dizia:
“verás quando tiver cinquenta anos”.
Tenho cinquenta anos e não estou a ver nada.
Nos olhos dos jovens arde a chama, nos olhos dos velhos brilha a luz.
A iniciativa da juventude vale tanto como a experiência dos velhos.
Sempre há um menino em todos os homens.
A cada idade cai bem uma conduta diferente.
Os jovens andam em grupo, os adultos em pares e os velhos andam sós.
Feliz é quem foi jovem na sua juventude e feliz é quem foi sábio na sua velhice.
Todos desejamos chegar à velhice e todos negamos que tenhamos chegado.
Não entendo isso dos anos: que, todavia, é bom vivê-los, mas não tê-los.”