No cerne das nossas memórias estão, muitas vezes, objetos. Utilizamo-los para nos ajudar a recordar de certas experiências. Guardamos memórias em objetos, estendendo a nossa mente para o mundo físico. Os objetos ajudam-nos a viajar no tempo, revisitando espaços e pessoas que já não existem. Ajudam-nos a imaginar o futuro, usando memórias do passado. Até nos ajudam a definir quem somos. A exposição “Objetos de Memória” inspira-se nas teorias filosóficas mais actuais sobre a memória, expressando-as de novas formas. São respostas possíveis a questões como: “O que é uma memória e como é que é criada?”, “Como pode a minha memória ser guardada num objeto?”, e “As minhas memórias individuais ajudam a criar uma memória social ou cultural?”.

Cientista durante muitos anos, Alun Kirby teve a sua primeira exposição individual em 1999 e começou a trabalhar com cianotipia em 2001. Depois de trocar a ciência pela arte, em 2017, foi finalista do Prémio KPP (2018) e do prémio SCAF Emerging Artist (2019). Nas suas exposições destaca-se uma grande exposição individual nas galerias Dean Clough (Reino Unido, 2019). A maior parte do seu trabalho centra-se nas comunidades, incluindo projectos com bibliotecas, escolas, arquivos, museus, igrejas, aldeias e casas senhoriais.

Tem colaborações de longo data com pessoas que vivem com demência e filósofos, e a sua investigação sobre a memória levou à criação de um novo processo em cianotipia: o metamorfograma. Este processo foi publicado num livro académico sobre design (Pattern and Chaos, 2024) e utilizado como base para artigos de investigação filosófica (publicados em 2021 e 2023). Desde 2023, Alun vive e trabalha no Porto, onde é cofundador do Clube de Desenho do Porto.

Exposição patente de 4 de maio a 10 de agosto de 2024.

A habitação é um espaço onde traçamos as linhas da nossa existência, o local onde esculpimos a nossa identidade, os nossos sonhos e o nosso futuro. Em Portugal, como em várias partes do mundo, enfrentamos uma crise no sector da habitação onde o seu papel basilar, no desenvolvimento pessoal, económico e criativo, fica comprometido por um código postal. Cada pessoa tem uma perspectiva única sobre a essência de cada m2 da sua casa: um local de refúgio, descanso, contemplação, socialização, reflexão ou criação.

A exposição Chão estabelece um diálogo entre diversos artistas, que através das suas obras, ilustram o significado que a casa tem nas suas vidas. Esta mostra convida-nos a explorar o conceito de habitar, como também a questionar as transformações e ameaças, que têm surgido ao direito desta função elementar, aos alicerces e à estrutura da nossa sociedade. Chão pretende solidificar o direito, que todos temos, de ter um tecto. Artistas em exposição: Caver, Cosmic Lin, Dear Anushka, Dylan Silva, Elianyuri, Manel Alma, Maria Corvacho, Patrícia Mariano, Rita Ravasco e Tomás Castro Neves.

Exposição patente de 4 de maio a 22 de junho de 2024.

bLast é a última exposição que a Casa das Artes – Sá da Bandeira vai acolher antes de entrar num período de renovação. A transformação começa com o reimaginar dos espaços de toda a Casa, desde a cave ao sótão, com total liberdade para intervir na estrutura e objetos que persistiram ao tempo e às várias identidades que o edifício assumiu desde a sua construção. bLast conta com a participação de 38 projetos artísticos, cujas criações foram pensadas de forma a proporcionar ao público uma experiência imersiva e interativa, antes de, como o título indica, ir tudo pelos ares. Mais informações em https://www.fbb.pt/cabb/blast/

Artistas em exposição: Ana Frois, Andrea Paz, Babu, Bernardo Nascimento, Bite records, Bruno Fidalgo Sousa, CALA x Vanda Santos, Catarina Parente, Clarisse Silva, Coletivo Gambozino, Cyril Reichenbach, Diogo Braga, Nathalia Coehl e Thales Luz, Diogo Nunes, ETC – Eléonore Labattut & Simon Deprez, Filipa Alfama, Gil Mac, Gonçalo Gaiola, Henrique Vilão, Inês Rebeca, Inês Santos, Inês Serpente, João Concha, Lilian Walker, Luisa Ramires, M. M. Moinhos, Madalena Pequito, Margarida Franco Rodrigues, Maria Palma, Martîm, Pinelopi Triantafyllou, Ricardo Leiria, Saco da Baixa, Sarah Legow, So & Bernardo Matos, Sonia Salcedo, Time for the oniric, Vitor Malva e Xana Eloy.

Exposição patente de 16 de março até 18 de maio de 2024.

Maria Luísa Capela é guiada pela beleza da cor que ganha forma, e, com ela é, sem constrangimentos, levada para espaços remotos, como paisagens reunidas sem agendamento prévio, que emitem um deslumbramento condenado à criação de tentar engolir o mundo.

Os trabalhos da artista partem das coisas do mundo que fazem a descrição da sua memória, num lugar enérgico de inquietações e rodopios do mundo que a movem para alcançar a morfologia da paisagem naquela que é a surpresa libertadora da tecnologia dos materais e técnicas que transita.

Licenciada em Pintura na FBAUL, tendo concluído em 2019. Estudou ainda na Accademia Albertina di Belle Arti em Turim. Ganhou o 2º Prémio na XII Edição da Bienal Internacional Arte Jovem de Vila Verde (2022) e o Prémio Revelação na XV Edição do Prémio D. Fernando II no MU.SA (2019). Teve a sua 1ª exposição individual VERDECER AO SOL (2022) na Galeria Spazio Nuovo em Roma e recentemente teve a exposição individual HACIENDO FLORES DE PAPEL (2023) após residência artística em Lérida, Espanha.

Exposição patente de 22 de fevereiro até 13 de abril de 2024.

A partir de uma investigação que tem como propósito procurar os encontros entre a escultura, a vida e o corpo, Maria Palma pretende dar a conhecer como todas as experiências que vamos tendo ao longo da nossa vida nos podem construir corporalmente, através de exercícios formais que vão desde a performance, ao vídeo e à escultura. O pensamento é uma ferramenta humana tal e qual como a mão, e ambos necessitam de vários testes para divulgar o conhecimento adquirido.

Maria Palma nasceu em Beja em 1997. É artista multidisciplinar, atualmente vive no Porto onde frequenta o mestrado em Artes Plásticas – Escultura na FBAUP. O interesse pelo corpo e o movimento surge em jovem, flutuando pelas diferentes áreas da dança, permitindo desse modo criar formas diferentes de olhar e moldar o corpo perante aqueles que o vêem. Tem como principal interesse o estudo das relações entre o corpo, a sua espacialidade e experiência vivencial, trabalhando muitas das vezes sobre o próprio corpo, por ser visto como o material mais próximo e imediato. As áreas de intervenção são maioritariamente no âmbito da escultura, performance e fotografia. Tem participado em diversas mostras e exposições coletivas em diferentes sítios, como o FACE- Espinho, em 2021, a bienal Contextile ’22 em Guimarães, e o Centro de Arte Contemporânea de Meymac, em França, em 2022. Recebeu uma Menção Honrosa no Prémio de Aquisição da FBAUP em 2023, com a sua obra ‘’As minhas dores e os meus amores’’.

Exposição patente de 12 de outubro até 2 novembro 2024

Ser e coisa compõem uma mesma malha no trabalho de cada uma das artistas convidadas. Ora porque as peças espelham histórias de vida alheias ou da própria artista, ora porque precisam do público para serem ativadas, ou ainda por serem peças autónomas que se transformam com o passar do tempo. As obras tomam os espaços da Casa como parte de si próprias. Ocupam chão, teto e paredes, mas não só. Ocupam também o espaço entre eles, preenchendo-o com histórias, sons e vozes.

Sandra Lessa, artista e pesquisadora brasileira, especializada em histórias de vida em contextos acadêmicos e artísticos. Filha, neta e bisneta de mulheres artistas e pedagogas, segue a sua jornada inspirada em sua ancestralidade, fazendo das histórias de pessoas a sua matéria criativa. Colaboradora do Instituto Museu da Pessoa e professora de Autobiografia, realiza a “escuta em espaços de traumas” através de sua pesquisa em uma Poética do Cuidado.

Sofia Bessa (Lisboa 2002) inicia agora o seu último ano na licenciatura de Escultura na Faculdade de Belas-Artes. Dedica-se a uma prática artística multidisciplinar focada na experimentação de várias técnicas, materiais e ideias de pensamento conceptual e simbólico. Procura, nos seus trabalhos, diferentes formas de materializar imagens e conceitos cruzando meios artísticos como o som, a escultura e a performance.

Sofia Moço Novo (2000) é artista plástica e mora no Porto. Entusiasma-se muito.

Lilian Walker natural de Americana, Brasil, vive e trabalha em Coimbra. Seu trabalho artístico busca construir possíveis encontros entre corpo e lugar, abstração e figuração, pele e paisagem. Desde 2013 tem se dedicado à investigação académica, à produção artística e à educação, tendo sido contemplada com prémios e bolsas de incentivo à pesquisa, financiados por instituições públicas. Participou de congressos científicos, como o “AIC 2019 Midterm Meeting: Color and Landscape”, em Buenos Aires, e residências artísticas em São Paulo e Brasília, além da participação em exposições coletivas no Brasil e em Portugal e a realização de exposições individuais em 2019 e em 2024.

Exposição patente de 29 de agosto até 28 de setembro 2024

RE-INSCREVER-SE PELO CHÃO é uma criação que mergulha em estudos de casos de errância, encontros com comunidades, diálogos com especialistas e processos de experimentação em caminhada em diferentes territórios de Portugal, no campo e na cidade (Beira, Alentejo e Lisboa). A partir das experiências no processo de investigação sobre rotas de imigração, de trabalho e práticas de caminhada por investigadores, caminhantes e artistas, encontra rotas riscadas, arriscadas e renegadas. “O que o meu pé me conta?”, orienta a tecitura de uma malha de rotas r(ô)tas, reescrevendo o chão que pisa, através de práticas errantes, desenhos, escritas e sons. Esta pesquisa resultou num objeto híbrido, uma publicação-audiobook, uma instalação interativa e uma performance de ativação.

Julia Salem (Brasil, 1983), criadora, performer e coreógrafa, radicada em Lisboa desde 2016. Graduada em Comunicação das Artes do Corpo na PUC-
SP em dança e performance (2006). É mestre em Comunicação e Artes pela UNL (2019). Dentre as suas colaborações, destacam-se as com Rose Akras, Daniela Dini, Eduardo Fukushima, João Fiadeiro, Gustavo Ciríaco, Tiago Cadete, Andresa Soares, Joana Levi e Ana Trincão. É autora e performer de Procedimentos para Encontrar-se com Ana Corrêa, Explode Quando Emerge com Joana Levi e autora, diretora e performer de De bOca Cheia. É integrante da Apneia Colectiva com quem é autora, diretora e performer de Cadeia de Transmissão e O Que Pisamos.

Exposição patente de 29 de agosto até 28 de setembro 2024
Inserida no Festival Linha de Fuga 2024
Fotografias de Paulo Abrantes

OS MEUS TOTENS tem como base de investigação mitologias, princípios e práticas pagãs e neopagãs, que recupera esses elementos e os re-significa, de acordo com regimes de afectação subjetivos da criadora, concebendo a sua cosmogonia pessoal.
Vinda da dança, Francisca transforma os seus gestos empossibilidades de captura de imagens por parte do olhar de Lewandoski. A mitologia portuguesa provém de uma mistura de povos e culturas com mitologias diversas. No entanto, uma ideia transversal ao paganismo é a noção de sacralização da Terra: a do culto, veneração e respeito pela natureza. Muitos dos seus rituais e práticas passam por recorrer a elementos naturais numa relação simbiótica com a própria percepção do corpo e suas
manifestações, tomando-o veículo de integração e celebração de lugares, de passagens de estação, de animosidades várias. Colocando o seu corpo e objetos com os quais se relaciona, esta investigação deu lugar a um total de 30 imagens, sendo uma seleção destas apresentadas no festival Linha de Fuga.

Elizabete Francisca (Joanesburgo, 1985) é licenciada em Design Industrial (ESAD-CR), estudou dança no Fórum Dança (PEPCC) e na Escola Superior de Dança de Lisboa. Participou em diversos projectos como colaboradora artística, bailarina, performer e actriz, destacando as colaborações com
Vera Mantero (2011-2020) e com Loic Touzé, Tânia Carvalho, Mark
Tompkins, Meg Stuart, Ana Borralho & João Galante, entre outros.

Exposição patente de 29 de agosto até 28 de setembro 2024
Inserida no Festival Linha de Fuga 2024
Fotografias de Paulo Abrantes