Ligar Pontos, Reconhecer Comunidades
2024
Cadeirão, bobine com multicabo audiovisual, prateleiras de metal e cartolinas da Casa da Artes Bissaya Barreto; sobras de folhas, papel de cenário e riscadores do secundário e licenciatura, direções Ocidente para Oriente / Norte para Sul, atos de desenrolar, conectar,…

Ligar Pontos, Reconhecer Comunidades é uma escultura que subverte um cadeirão, normalmente utilizado em momentos de repouso ou conforto e transforma-o numa plataforma para uma bobine que é, por sua vez, um suporte para um conjunto de cadernos feitos com folhas de rascunho. Reorganizados, estes objetos previamente pertencentes à Fundação Bissaya Barreto ou ao artista, são reutilizados e transformados numa escultura interativa, em processo, que é disposta dentro de um cartograma disposto no chão. Com esta pede-se aos observadores que se tornem atores e coprodutores da obra. Para ativá-la, convida-se cada um a desenrolar os cabos que se encontram na bobine e, voluntariamente, ligá-los aos sítios marcados no mapa que assinalam pontos de onde a borracha que o compõem possa ter vindo, marcando posteriormente as linhas feitas pelos cabos no mapa com os riscadores disponibilizados.

Ao mesmo tempo procura-se que cada um reconheça a sua pertença a uma comunidade mundial que tece as redes de extração, produção e transporte essenciais para que este objeto banal chegue à sala de exposição em que é apresentado. Isto, caso se decida interagir, pode ser feito escrevendo nos cadernos disponibilizados no topo da escultura, deixando lá informações, de forma livre e voluntária, sobre de que maneira pertence a esta comunidade ou consultando as informações disponibilizadas. Estas serão mais tarde utilizadas para atualizar o mapa e expô-lo novamente abraçando uma abertura processual e uma constante renovação da obra ao longo do tempo, antes, durante e após as exposições.

Esta escultura-instalação procura, então, tornar-se num veículo para o nosso posicionamento no mundo através do reconhecimento de comunidades e do desejo de as tornar mais sustentáveis. Ligar Pontos, Reconhecer Comunidades, procura ultimamente incentivar a dar um primeiro passo, o da consciencialização dos meios de extração, produção, distribuição e comercialização dos objetos que nos rodeiam, assim como os seus impactos ambientais e sociais.

Diogo M. M. Nunes é um artista e investigador sediado em Lisboa. É licenciado e mestre em Escultura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. O seu trabalho artístico tem vindo a ser exibido em exposições coletivas desde 2021 e conta com uma escultura pública feita com armas destruídas, em 2022, em exposição permanente no Museu da Polícia no Chiado, em Lisboa. Mais recentemente, realizou a sua primeira residência artística em julho de 2023 organizada pela POUSIO – Arte e Cultura e ingressou em Setembro no Doutoramento em Escultura pela FBAUL. O seu trabalho procura explorar uma ideia de arte eco social que tem vindo a desenvolver- se sobretudo nos cruzamentos entre a escultura e a performance. Esta tem vindo a materializar-se através de performances e esculturas fisicamente interativas feitas com recurso a materiais e objetos descartados, locais, encontrados ou em segunda mão.

Redes Sociais: https://www.instagram.com/diogo_mm_nunes_art/