Fernando Bissaya Barreto (1886–1974), médico-cirurgião, professor catedrático, filantropo, dedicou toda a sua vida a ajudar os mais carenciados, lançando, em toda a região centro do país, uma Obra Social de dimensão ímpar ao tempo, alargada aos campos da profilaxia e da saúde, da proteção e defesa da criança e da mulher, da educação e formação profissional.

No âmbito da sua ação em defesa da criança, Bissaya Barreto idealizou este parque-jardim, de características únicas, como extensão pedagógica e lúdica da Casa da Criança Rainha Santa Isabel (creche e jardim de infância), que, ainda hoje, aqui se mantém em funcionamento. O parque-jardim foi inaugurado a 8 de junho de 1940.

O arquiteto responsável pelo projeto foi Cassiano Branco, um dos maiores nomes da arquitetura moderna portuguesa. Antes de desenvolver o projeto do Portugal dos Pequenitos, o arquiteto Cassiano Branco fez um levantamento dos materiais e outras especificidades da arquitetura dos lugares que se previra representar. Além disso, procedeu a uma sistemática revisão dos projetos que executou antes da construção do parque-jardim, designadamente, dos pavilhões e casas.

Nos finais da década de 30 e inícios da de 40 do séc. XX, deu-se início à construção da primeira fase do Portugal dos Pequenitos, constituída pelo conjunto de casas regionais portuguesas, devidamente contextualizadas pelo tratamento da envolvente próxima, com pomares, hortas e jardins, a capela, a azenha, o pelourinho, etc. A segunda e terceira fases correspondem ao espaço ilustrativo dos principais monumentos do país e à representação etnográfica e monumental dos atuais países africanos de Língua Oficial Portuguesa, do Brasil, de Macau, da Índia e de Timor, respetivamente. Este espaço proporciona a todo o tipo de público, tanto crianças como adultos, um contacto com diversos aspetos culturais da etnografia portuguesa e dos países suprarreferidos, nomeadamente, mobiliário, traje e artesanato, tudo numa escala apropriada ao entretimento do visitante mais pequeno, como também do adulto, sendo ainda contempladas as diferentes tipologias arquitetónicas de Portugal.

O Portugal dos Pequenitos é um parque-jardim representativo do Património Arquitetónico de Portugal, não só no que respeita aos distintos estilos arquitetónicos (românico, gótico, manuelino, etc.), como às diversas tipologias de construção, realizadas de acordo com os diferentes fatores geomorfológicos de cada região (nomeadamente, materiais locais, características do terreno, clima) e, ainda, a todo um conjunto de ofícios tradicionais evocados pelos moinhos de vento e de água, os currais, o forno comunitário e as salinas, entre outros. Por estes motivos, considera-se que o Portugal dos Pequenitos é, por excelência, um espaço de aprendizagem das artes e ofícios tradicionais, capaz de despertar a curiosidade e fomentar o conhecimento.

Por outro lado, a riqueza e a diversidade do património do Portugal dos Pequenitos constituem uma ferramenta acrescida para o ensino escolar. A partir do património arquitetónico do parque-jardim, construído e natural, é possível extrapolar para diversos temas curriculares. Por exemplo, o rigor posto na seleção dos materiais e das técnicas utilizadas na execução dos revestimentos dos edifícios do parque-jardim permite colocar várias questões e apoiar os professores/educadores de infância na exploração de temas específicos das Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar e dos Programas Curriculares do Ensino Básico e Secundário. O Serviço Educativo é sensível às recentes orientações do Ministério da Educação relativamente ao projeto de autonomia e flexibilidade curricular.

O Portugal dos Pequenitos foi concebido como um local onde a criança aprendesse brincando e o adulto aprendesse observando. Integrados no espírito deste admirável espaço lúdico e pedagógico inserem-se as atividades do Serviço Educativo do Portugal dos Pequenitos. Para o efeito, foi pensada uma programação diversificada, que procura incentivar a criação de hábitos culturais.