O Jardim: “O núcleo habitacional é precedido por um belo jardim, delimitado por um muro alto que acompanha o movimento em curva da rua, mas com amplas aberturas dotadas de gradeamentos de ferro.”

Pedro Dias

do belo artístico…

Graciosamente recortado pela geometria de diversos canteiros de buxo, pontilhado de expressivas peças escultóricas, em pedra e em bronze, de um pequeno lago lateral, favorecendo uma ambiência que convida ao repouso e que explica porque o Professor chamava a este lugar o seu “refúgio”.
Para além das esculturas, “a maioria fruto da passagem à pedra de gessos de grandes estatuários do tempo que os fizeram para outros encomendantes, sobretudo para obras públicas de Lisboa e para a Exposição do Mundo Português de 1940, destaca-se também uma fonte de ferro, obra francesa do início do século XX” (Pedro Dias). Enriquecendo este conjunto, nas paredes interiores do muro que circunda o jardim, um conjunto notabilíssimo de painéis de azulejos barrocos, de fabrico lisboeta, bem como os azulejos a azul e branco do século XVI que envolvem o alpendre da entrada do piso inferior, obrigam também a uma atenção e olhar mais demorados.

… ao naturalmente belo

O jardim embeleza-se de canteiros recortados por buxo (buxus sempervirens) e de espécies arbóreas que acompanham a idade da casa, como a grandiosa magnólia grandiflora, que se veste de branco nos meses de Janeiro e Fevereiro, as lagerstroemia índica rosa, com a sua abundante floração, e os cedrus deodara.

A Casa: “A porta abre-se lentamente. Vemos um átrio revestido de azulejos, com uma mesa redonda ao centro…”

Pierre Goemaere (1944)

Entrada

O visitante é recebido no piso superior, ao qual acede por elegante escadaria bifurcada.
O hall, de planta octogonal, é pavimentado a mármore branco e rosa e forrado por azulejos policromados de maçaroca; actualmente, a mesa de mármore colocada ao centro sustenta um busto do anfitrião e patrono da Casa. Uma imensa clarabóia recoberta de vitrais coloridos sobrepuja este conjunto, do qual sobressai uma magnífica lanterna em ferro forjado da autoria de Lourenço Chaves de Almeida, reputado artesão conimbricense.

Sala de estar e Sala de jantar

Por uma lindíssima porta, também em ferro forjado, dá-se entrada no salão ao estilo francês do séc. XIX, com teto pintado. Destacam-se neste espaço, a escultura em mármore de alabastro italiano da autoria de Pochyni e Fiaschi (séc. XX) e uma pintura de Fausto Gonçalves. Já na contígua sala de jantar, com teto de madeira em forma de caixotão e belíssimos frisos de azulejo, ressalta o mobiliário de estilo Império inglês. Apesar dos estilos diferentes, numa como noutra divisão sobressaem o requinte do gosto e a sensibilidade artística do Professor.

Biblioteca e Gabinete de trabalho

Pela porta da direita acede-se à acolhedora e luminosa biblioteca revestida por estanteria em madeira pintada com delicados motivos figurativos, de expressão bucólica, que jogam em perfeita harmonia com a temática retratada nas pinturas do teto. Por uma porta envidraçada acede-se ao gabinete de trabalho do Professor, também revestido por estantes, estas em mogno, de severo recorte.

Quarto de dormir

Neste sector mais recolhido da casa, o quarto de dormir revela, uma vez mais, o gosto requintado, mas sóbrio de Bissaya Barreto, evidente na escolha e qualidade das suas peças religiosas e decorativas.

Galeria das Porcelanas da China, Sala da Faiança e Galeria Eduardo Malta

A conversão de quatro pequenas salas numa ampla divisão permite hoje aceder a uma galeria em que se expõem outras peças de arte pacientemente reunidas, ao longo dos anos, pelo Professor; aqui é possível apreciar belíssimas porcelanas da China, esculturas em mármore de Carrara e alabastro italiano e obras de pintura de reconhecidos artistas. Da mesma forma recolhem, em sala contígua, exemplares de bela faiança portuguesa.
Nos corredores que circundam o hall de entrada com os seus belos azulejos do século XVII, expõem-se parte da rica colecção de pintura portuguesa.
Numa outra galeria, destaque para duas grandes telas de Eduardo Malta: alegorias às ex-colónias portuguesas de África e do Oriente.

Galeria de Exposições Temporárias Viriato Namora

A entrada de acesso ao piso inferior, onde originalmente existiam a adega e arrumos da residência, conduz hoje à Galeria de Exposições Temporárias Viriato Namora, área renovada e inaugurada em setembro de 2019, a partir de uma sala polivalente constituída à data da abertura da Casa-Museu, onde, ao longo do tempo se têm privilegiado realizações culturais.